quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A DEVASTAÇÃO E AS QUEIMADAS ATINGEM NOSSO ACARÁ

Por: Edimilson Lobato - Professor em formação pela UEPA

É com profundo pesar que observamos o que acontece com o nosso município de Acará. Pessoas que por conta da ganância do "DINHEIRO", vendem suas terras, vendem seus bens a latifundiários que não estão nem ai para as consequências que acarretam para nossos habitantes. Podemos observar que, a alguns anos fazia frio nas belas noites acaraenses, hoje no entanto, fazemos malabaris para podermos durmir com o minimo de conforto, nossas crianças sofrem com o calor absurdo que faz, pelo poder das queimadas das áreas de projeto do dendê, isto tudo, em nome do progresso.
Onde estão nossos políticos, para enxergarem essas consequências traumatizantes, que faz o número de pessoas aumentar nas filas de nosso hospital a procura de medicamentos que amenizem um pouco o sofrimento causado pelo enorme poder das elevadas temperaturas que estamos acometidos nos dias de hoje. Tudo por causa deste maldito progresso, que vem passando por cima de tudo e de todos. Podemos observar áreas imensas sendo derrubadas nas proximidades da estrada que liga Concórdia do Pará ao Acará e por ai afora. Fumaças de queimadas riscaram o céu de nosso município nesta quinta feira dia 20 de outubro de 2011, estamos em pleno verão, mas em seguida uma forte chuva mandada pelo nosso bom DEUS caiu sobre nós para aliviar nossos pensamentos e assim podermos contemplar como eram bons aqueles tempos em que o Acará possuia um clima de montanha em que nossas crianças podiam tomar banho de rio e sorrir a espera de um amanhã melhor.
Cabe agora apenas lamentar, lembrar dos bons tempos que não voltam mais, que pena... que pena!!!

domingo, 16 de outubro de 2011

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Universidade do Estado do Pará - UEPA
Departamento de Ciências Sociais e Educação - DCSE
Planejamento Territorial Participativo – PTP
Curso de Letras 3º módulo@ < @ PA
Disciplina: Filosofia Da Educação




QUESTÕES PARA REFLEXÃO




Acará – PA
2011


Edimilson Lobato da Silva




QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
1 – Qual a importância da filosofia para a formação profissional do professor/educador?
Vivemos num mundo que valoriza as aplicações imediatas do conhecimento. O senso comum aplaude a pesquisa científica que visa à cura do câncer ou da AIDS; a matemática no ensino médio seria importante por “cair” no vestibular; a formação do advogado, do engenheiro, do fisioterapeuta prepara para o exercício dessas profissões. Diante disso, não é raro que alguém indague: “Para que estudar filosofia se não vou precisar dela na minha vida profissional?”.
De acordo com essa linha de pensamento a filosofia seria realmente “inútil”, já que não serve para nenhuma alteração imediata de ordem prática. No entanto, a filosofia é necessária. Por meio daquele “olhar diferente”, ela busca outra dimensão da realidade além das necessidades imediatas nas quais o futuro educador encontra-se mergulhado; ao tornar-se capaz de superar a situação dada e repensar o pensamento e as ações que ele desencadeia, o indivíduo abre-se para a mudança, e a este, incomoda o imobilismo das coisas feitas e muitas vezes ultrapassadas. Por isso mesmo, a filosofia pode ser “perigosa”, por exemplo, quando desestabiliza o status quo ao se confrontar com o poder.
Portanto, é de suma importância para a formação do profissional (professor/educador), ter este olhar filosófico sobre as coisas que o cercam, para que possa dar continuidade à busca pelo saber, uma vez que, a filosofia é o “amor a sabedoria”, e esta é a razão de ser do bom profissional.

2 – Existe alguma relação entre Filosofia e Educação? Qual?
Sim. A relação da filosofia com a educação existe desde a antiguidade do mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da Arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível, apostando na busca de um ideal artístico de cultura.
A busca incessante pelo saber, tem dado novos rumos aos estudos filosóficos e vem dando suporte à educação, pois como já sabemos, a filosofia é a disciplina que tem tudo a ver com a sabedoria, é o amor a sabedoria, o que interliga os dois termos (filosofia e educação), sendo que um depende do outro. Logo, educação é tudo que se adquire por intermédio dos conhecimentos e da razão, ou seja, a filosofia está presente nestes conhecimentos por meio da razão.
Os ramos da educação descritos por Aristóteles são quatro: a gramática (leitura e escrita), a ginástica, o desenho e a música. A teologia fundamental da educação aristotélica, que também é o objeto da ciência política, tem como “finalidade suprema [...] infundir um certo caráter aos cidadãos – por exemplo, torná-los bons e capazes de praticar boas ações”.(Aristóteles, 1099b, 1999, p.28).
Segundo Luckesi a educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e orientem os seus caminhos. Em suma a Filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos podem caminhar.

3 – Filosofia e Literatura são dois campos da apreensão/representação do mundo, da realidade. De que forma podemos associar estes dois campos?
Partindo do pressuposto de que a literatura é a arte de criar e de recriar textos a fim de expressar o fingimento do poeta, podemos associá-la à filosofia como campos de interação onde a busca pelo saber é calcada pela arte, ou pelo que há de mais belo, o texto literário.
A relação entre filosofia e literatura desde a Antiguidade, foi caracterizada por uma certa tensão: Assim, em Platão, o poeta aparece quase como o “outro” do filósofo, o que representa a emoção e não razão, inspiração e não conhecimento, um mentiroso “Platão argumenta que deveria ser proibida a partir de sua República ideal”. Sócrates afirma ser necessário o máximo de cuidado possível para que as crianças e jovens em formação não escutem estórias; se for necessária a sua transmissão, deve ser feita ao menor número de pessoas possível, em segredo (Platão, 378ª, 1996, pp. 99-89). O temor do poeta pode também ser encontrada em Kant, que supostamente disse que ele precisava ler vezes Rousseau diversas a fim de alcançar a “essência” de seu pensamento sem ser distraído por sua estética, bem como em reservas de Adorno à estilo literário de Kierkegaard.
Se a filosofia se orgulha em representar o conhecimento e a razão, as faculdades que afirma ser superior a inspiração e emoção, essa dicotomia, frágil e discutível desde o início, tornaram-se mais e mais difícil de manter. Em particular desde o final do século XVIII, que marca uma viragem na relação entre filosofia e literatura, a Europa tem visto que novas formas de escrita surgem, que desafiam a filosofia tradicional no campo da literatura, apropriando-se de questões que anteriormente tinham sido exclusivamente filosóficas.
Assim, podemos consolidar o campo da representação por intermédio do saber aplicado no texto poético, pelo verdadeiro conhecedor “o poeta”.

4- Como podemos vincular a Filosofia à Teoria da Linguagem?
Ao apresentar a teoria dos atos de fala, ou de que o uso da linguagem tem precedência sobre a semântica, nos distanciamos das posições essencialistas da filosofia. Por outro lado parece que a filosofia não tem mais nada a fazer ou que se confundiu com a sociologia ou antropologia.
Segundo Austin, existe um campo de investigação que é próprio da filosofia e que só ela é capaz de realizá-lo. Trata-se da análise da linguagem que parte da linguagem comum, como outras ciências, mas que não permanece na mera superfície dos fenômenos. Interessa à filosofia não o uso que se faz de uma língua nesta ou naquela cultura, mas sim as regras subjacentes às diferentes interações lingüísticas.
Partindo deste pressuposto, pode-se notar as diversas contribuições que a filosofia tem dado ao mundo contemporâneo por meio dos vários pensamentos filosóficos em que estamos inseridos no nosso cotidiano, logo, o cidadão ao expressar-se para efetivar uma comunicação, seja ela verbal ou não verbal, estará fazendo uso da filosofia, ou seja, seus pensamentos estarão sendo orientados por uma sustentação primordial da filosofia “a razão”. Aqui nota-se o vínculo maior da filosofia à teoria da linguagem, por meio da interação homem/sociedade, o que só pode dar-se por intermédio da língua.
A questão final diz respeito à noção de que a tarefa primordial, senão integral da Filosofia consiste na análise conceptual. A análise de conceitos básicos foi sempre uma preocupação dominante dos filósofos. Nos diálogos de Platão e Sócrates é representado como se passasse a maior parte do tempo fazendo perguntas como “O que é justiça?” e “O que é sabedoria?” As obras de Aristóteles foram dedicadas, em grande parte, a tentativas para chegar à definição adequada de termos como “causa”, “bem”, “movimento” e “conhecimento”. Tradicionalmente, tem se considerado que, por mais importante que seja essa atividade, é ainda preliminar às tarefas básicas do filósofo – as de chegar a uma concepção adequada da estrutura fundamental do mundo e a um adequado conjunto de normas para a conduta e organização social humanas.

A NATUREZA E FUNÇÃO DA LITERATURA

Por: Edimilson Lobato e Sérgio Lourinho

A NATUREZA E FUNÇÃO DA LITERATURA

SEGUNDO RENÉ WELLECK:
É no aspecto da “referência” que a “natureza” da Literatura transparece mais claramente. O Cerne da Arte Literária encontrar-se-á, obviamente, nos gêneros tradicionais: lírico, épico e dramático. Em todos eles, existe uma “referência”, um relacionar com um mundo de ficção, de imaginação. As afirmações contidas num romance, num poema ou num drama não representam a verdade literal: não são proposições lógicas. Existe uma diferença central e importante entre uma afirmação, mesmo a produzida num romance histórico ou num romance de Balzac que pareça comunicar uma “informação” quando publicada num livro de história ou de sociologia. Até na lírica subjetiva, o “eu” do poeta é um “eu” dramático, fictício. (pg. 27).
A Natureza e a Função da Literatura devem ser correlativas. O emprego da poesia decorre da sua natureza: todos os objetos ou classes de objetos são usados muito eficientemente e racionalmente por aquilo que são. (pg. 31).
A história da estética quase pode, resumidamente, descrever como sendo uma dialética cuja tese e antítese são o DOCE e o ÚTIL. (Dulce e o utile), como já resumia Horácio. Qualquer destes objetivos, separadamente, representa uma oposta e errada concepção no que respeita à Função da Poesia. Provavelmente é mais fácil relacionar o Dulce ET utile com base na função do que com base na natureza. A concepção de que a poesia é prazer. (pg.32).
A função da literatura segundo alguns técnicos, é aliviar-nos - sejamos escritores ou leitores – da pressão das emoções (pg.41).
A sua função primordial e principal é a da fidelidade a sua própria natureza (pg.42).
“É da natureza humana, buscar no meio em que vive esta paz interior, este equilíbrio entre o doce e o útil, o prazer que satisfaz a Alma e o Espírito e que só a Literatura proporciona, dentro de suas “obras” seja ela uma novela, um romance, um amor de vassalagem ou até mesmo um drama ou uma sátira. Esta junção de sentimentos dá forma, som, imagem, virtude e, sobretudo, pureza e beleza à obra tornando-a prazerosa, pois a produção ficcional interessa à Literatura, ela é a escrita imaginativa, deste modo é bastante fácil diferenciar a Linguagem da Ciência da Linguagem da Literatura. O signo é arbitrário e pode ser substituído por outros sinais equivalentes.
O poeta torna-se o “Criador da Obra”, desta forma teremos que reconhecer a ficcionalidade, a invenção ou a imaginação que são os traços característicos de uma obra, sendo esta uma incessante busca da fidelidade à sua própria natureza. Buscamos nos textos literários palavras com vários sentidos que vão deixando a imaginação aguçada e encantada com sua sonoridade e leveza de sentidos nos quais os poetas viajam em suas poesias, entram num mundo diferente e resgatam as mais doces e meigas palavras, somando-as de palavra em palavra chegando a um resultado ao qual chamamos de Poesia”.
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SEGUNDO ANTOINE COMPAGNON:
O nome literatura é certamente, novo (data do início do século XIX; anteriormente, a literatura conforme a etimologia, eram as inscrições, a escritura a erudição, ou o conhecimento das letras; ainda se diz “é literatura”) (pg.30)
A aporia resulta, sem dúvida, da contradição entre dois pontos de vista possíveis e igualmente legítimos; ponto de vista contextual (histórico, psicológico, sociológico, institucional) e ponto de vista textual (linguístico). A literatura ou o estudo literário está imprensado entre estas duas abordagens irredutíveis: uma abordagem histórica, no sentido amplo (o texto como documento), e uma abordagem lingüística (o texto como fato da língua, a literatura como arte da linguagem). (pg.30).
A filologia do séc. XIX ambicionava ser, na realidade, o estudo de toda uma cultura, da qual a literatura na acepção mais restrita era o testemunho mais acessível. (pg. 31).
A tradição literária é o sistema sincrônico dos textos literários, sistema sempre em movimento recompondo-se à medida que surgem novas obras. Cada obra nova provoca um rearranjo da tradição como totalidade e modifica ao mesmo tempo o sentido e o valor de cada obra pertencente à tradição. (pg.34).
A literatura seria atribuída, ainda que provisoriamente, e graças ao estudo literário, a tarefa de fornecer uma moral social. Do ponto de vista da função chega-se também a uma aporia: a literatura pode estar de acordo com a sociedade, mas também em desacordo, pode acompanhar o movimento, mas também precedê-lo (pg.37).
Para Compagnon o texto deve causar estranhamento à medida que o leitor busque novas respostas para suas dúvidas a fim de aprimorar a sua moral social. A Literatura reinava absoluta no sec. XIX, resgatando um amplo campo em meio a sociedade, onde desde de Aristóteles, Horácio e toda a tradição clássica tem por objetivo compreender o comportamento humano e a vida social, daí surge obras com Verossimilhança e a Mímese ( que são a imitação com a verdade e a vida). A literatura passa a ser o uso estético da linguagem e o portal de saída desta realidade para uma outra. Platão já citava a “Dicotomia”, ou seja a função e a forma da literatura. Já Aristóteles falava do Katharsis ou catarse( purgação ou purificação de emoções), onde colocava o prazer de aprender na origem da arte poética, ou ainda instruir agradando, levando em consideração que Literatura não é conhecimento filosófico e nem conhecimento científico bem como não se pode subestimar o poder da literatura haja vista que ela causa profundas transformações no “ser”, assim o indivíduo é um leitor solitário, um intérprete de signos, um caçador, um adivinho em busca de sua erudição para melhor compreensão do meio em que vive.
SEGUNDO JONATHAN CULLER:
Mesmo um pouco de perspectiva histórica torna essa questão mais complexa. Durante vinte e cinco séculos as pessoas escreveram obras que hoje chamamos Literatura, mas o sentido moderno da literatura mal tem dois séculos de idade. Antes de 1800, literatura e termos análogos em outras línguas européias significavam “textos escritos” ou “ conhecimento de livros”. Mesmo hoje, um cientista que diz “a literatura sobre evolução é imensa” quer dizer não que muitos poemas e romances tratam do assunto mais que se escreveu muito sobre ele. E, obras que hoje são estudadas como literatura na s aulas de inglês ou latim nas escolas e universidades foram uma vez tratadas não como tipo especial de escrita mas como belos exemplos do uso da linguagem e da retórica. ( pg.28).
Se a literatura é linguagem descontextualizada, cortada de outras funções e propósitos, é também, ela própria, um contexto, que promove ou suscita tipos especiais de atenção. Por exemplo, os leitores atentam para potenciais complexidades e procuram sentidos implícitos, sem supor, digamos que a elocução está ordenando que façam algo. (pg.32).
A comunicação depende da convenção básica de que os participantes estão cooperando uns com os outros e que, portanto, o que uma pessoa diz a outra é provavelmente relevante. O que diferencia as obras literárias dos outros textos de demonstração narrativa é que eles passaram por um processo de seleção: foram publicados, resenhados e reimpressos, pra que os leitores se aproximem deles com a certeza de que outros os haviam considerados bem construídos e de “valor”. Assim no caso das obras literárias, o princípio cooperativo é “hiper-protegido”. (pg. 33)
Para Culler, a literatura é um ato de fala ou evento textual que suscita certos tipos de atenção. O leitor é induzido a buscar no texto, repostas para o que pretende com a obra lida, pois não lhe é informado o que é literatura, o que faz com que o mesmo dê uma atenção especial para que possa encontrar nela tipos especiais de organização e sentidos implícitos, sem deixar de levar em consideração que nem todo tipo de fragmento de linguagem pode se dizer que é literatura. O leitor deve por meio do estudo, buscar as antíteses e metáforas, a fim de sentir os sons da palavra e a mensagem, e não preocupar-se só com a lingüística ou a semântica por si só. A literatura é a linguagem na qual os diversos elementos entram numa relação complexa, entre som e sentido, entre organização gramatical e padrões temáticos, no entanto, é necessário que procuremos e exploremos as relações entre forma e sentido ou tema e gramática, tentando entender a contribuição que cada elemento traz para o efeito do todo, encontremos integração, harmonia, tensão ou dissonância, sem deixar de lado esta relação que chamamos “ficcional”.
Por outro lado, lembramos Kant, que alerta para o lado da estética, que é o nome da tentativa de transpor a distância entre o mundo material e espiritual, onde o fim dos objetos estéticos é a própria obra de arte. Surge então o termo intertextualidade onde uma obra surge através de outra. As qualidades da literatura não podem ser reduzidas a propriedades objetivas ou conseqüências de maneiras de enquadrar a linguagem, mais como uma forma de proporcionar prazer e integração cultural em busca de amplitudes de conhecimentos.

PROJETO DE LEITURA

Por: Edimilson Lobato e Sérgio Lourinho

PROJETO DE LEITURA

JUSTIFICATIVA
Partindo de informações obtidas da conversa com professores que atuam no 6º ano do ensino fundamental nas escolas de nosso município (Acará), sobre o nível de leitura dos alunos do ano supracitado, descobrimos que neste ciclo do ensino há várias angústias e inquietações por parte dos educadores, pois nos seus relatos ficou bem claro que muitos alunos chegam ao 6º ano com uma grande dificuldade de leitura e interpretação de texto. Portanto, esses problemas acabam dificultando o ensino aprendizagem desses discentes.
Os professores, nos seus depoimentos, alegam que essa situação é conseqüência de um péssimo histórico escolar nas séries iniciais, portanto está constatado que a base da educação de um aluno está contida nessas séries, principalmente na educação infantil e na alfabetização, no entanto eles também afirmam que não há compromisso com essa iniciação escolar, tanto é, que o administrador da educação no município não tem a preocupação de inserir profissionais capacitados para trabalharem com estas turmas e acabam colocando leigos para atuarem neste ciclo, e é fato consumado que uma vez que a criança é prejudicada nesta iniciação ela carregará as conseqüências para o resto de sua vida, se não houver uma intervenção especial por parte dos próximos educadores.
Diante deste quadro educacional repleto de percalços e desafios, percebemos que é chegado o momento dos educadores reverem seus conceitos, seus níveis de formação e principalmente as suas práticas pedagógicas. Logo, é fundamentado nesta perspectiva de mudança que apresentaremos neste “projeto”, uma proposta pedagógica que vai contribuir para a transformação desta situação, através de metodologias que possibilitem ao educando, adquirir mesmo no 6º ano, a prática da leitura no seu sentido completo, ou seja, ler, compreender, interpretar e interagir com o texto.
Partindo do pressuposto que, o ensino planejado e sistematizado de estratégias lingüísticas em sala de aula, pode ajudar incisivamente no ensino aprendizado do educando, esperamos com esta proposta, realmente viabilizar a prática de leitura para os discentes do 6º ano. Abrindo assim, portas para que eles possam ter perspectivas de novos horizontes, com relação à leitura e a todo o seu ensino aprendizagem.


OBJETIVOS
GERAL
Contribuir para o acesso à prática de leitura a alunos que encontram dificuldades, por meio de metodologias que valorizem o hábito de ler como fonte de formação, possibilitando também, sua autonomia como leitor.

ESPECÍFICOS
 Incentivar o hábito da leitura através de novas dinâmicas;
 Demonstrar que os alunos aprendem de formas diferentes;
 Oportunizar a saída da padronização para a customização;
 Promover ao aluno a socialização de conhecimentos, através do hábito de ler;


REFERENCIAL TEÓRICO

“(...) A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir a continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do contesto a ser alcançada por sua leitura critica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (...)” pg. 9.
Neste trecho do livro... de Paulo freire o autor nos relata que a leitura de mundo sempre vem antes da leitura da palavra é impossível conceber é impossível conceber a segunda sem antes conceber a primeira, pois é em um dinamismo constante que aprendemos a linguagem e a realidade.
“no esforço de retomar a infância distante a que já me referi buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia permitiram-me repetir recrio, revivo, no texto que escrevo a experiência vivida no memento em que ainda não lia a palavra. (...)”. Pg.10
No parágrafo acima fica claro a leitura de mundo do autor como acontecia, como se dava a partir da realidade em que Freire se inseria e praticava a leitura de mundo pois ainda não praticava a leitura da palavra. A leitura da palavra é uma revivência do que temos antes, ou seja, leitura de mundo. Finalmente entendendo os fragmentos que outrora não era claro, assim é possível o desenvolvimento de um todo, lembrando que quando estudamos já temos noções parciais em conhecimentos ali citados, ficando mais fácil de entender e compreender a questão estudada, que é a leitura, uma vez que esta tem diversos eixos. Freire cita leitura de mundo e da palavra, sendo que temos ainda a leitura sigilosa e oral, que aqui o autor não descreve.
“A leitura desenvolve-se de modo maior e eficaz em situações que ofereçam ampla gama de estímulos da linguagem oral e escrita”. Pátio Revista Pedagógica, ano XI Nº 45 fev/abr Porto Alegre, RS: Artmed Editora, 2008.
Partindo desse pensamento, o autor nos remete a idéia de que o educando necessita de amplos estímulos para que, através destes, possa atingir um patamar de satisfação às suas necessidades com relação à leitura.
“A Leitura é uma atividade que se realiza individualmente, mas que se insere num contexto social, envolvendo disposições atitudinais e capacidades que vão desde a decodificação do sistema de escrita até a compreensão e a produção de sentido para o texto lido. Abrange, pois, desde capacidades desenvolvidas no processo de alfabetização “Stricto sensu” até capacidades que habilitam o aluno à participação ativa nas praticas sócias letradas que contribuem para o seu letramento”. Prática de leitura e escrita / Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça (Orgs.) – Brasília: Ministério da Educação, 2006.
É algo que depende de cada individuo e que acontece em sociedade através de suas atitudes, de sua capacidade de decodificação do sistema de escrita e de sua compreensão e produção de sentido para o texto lido. Abrangendo desde suas capacidades desenvolvidas no processo de alfabetização até capacidades que o preparam para participar ativamente nas práticas sociais letradas que ajudam para o seu letramento.
“Para aprender a ler, portanto, é preciso interagir com a diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que os já leitores fazem deles e participar de atos de leitura de fato; é preciso negociar o conhecimento que já se tem e o que é apresentado pelo texto, o que esta atrás e diante dos olhos recebendo incentivo e ajuda de leitores experientes.
A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim; ler é resposta a um objetivo, uma necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra por palavra, não se responde a perguntas de verificação do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em voz alta. Isso não significa que na escola não se possa eventualmente responder a perguntas sobre a leitura, de vez em quando desenhar o que o texto lido sugere, ou ler em volta quando necessário. “No entanto, uma prática constante de leitura não significa a repetição infindável dessas atividades escolares”. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa: Ensino de primeira à quarta série. – Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997
Segundo o PCN para se obter a prática da leitura é necessário que o indivíduo tenha acesso a uma grande diversidade de gêneros textuais escritos. Pois, dessa forma o leitor tem a possibilidade de adquirir novos conhecimentos e novas experiências. O mesmo deixa exposto a importância sobre o conhecimento de mundo, ou seja, o conhecimento pelo menos parcial sobre o tema de que trata o texto, para que haja interação de conhecimentos do leitor para com o mesmo. E mais importante ainda é fazer defrontamento de compreensão de determinados temas, isto é, fazer relações sobre o entendimento adquirido de um leitor com o entendimento de outros leitores mais experientes.
O PCN fala também da leitura como prática social, que não deve ser algo finito e sim como uma prática contínua, a mesma não deve ser uma prática somente intra-escolar, portanto também tem que ser uma atividade extra-escolar e sempre com a função de dar embasamento para as leituras realizadas dentro do ambiente escolar.

METODOLOGIAS

Em nossa primeira aula assistiremos com os alunos documentários sobre leitura a fim de aguçar a curiosidade e o interesse da turma por esta prática. Na segunda aula distribuiremos livros de literatura infantil entre os educandos para que possam ler e conhecer as obras de cada livro.
Em nossa terceira aula promoveremos dramatizações de pequenas peças teatrais de obras literárias do gênero infantil. Já na quarta aula baseados nos enredos dos livros de literatura infantil os discentes podem criar pequenas histórias ou pequenos textos.
Na quinta e na sexta aula trabalharemos com a turma o circulo de cultura para que eles possam socializar as experiências adquiridas com a realização das atividades.




RECURSOS METODOLÓGICOS
• Livros de Literatura Infantil
• Aparelho de TV e DVD, CDs e DVDs de documentários
• Recursos Humanos, Materiais para montar Cenários e Figurinos
• Caneta, papel, lápis, papelão, cartolina, tesoura, barbante, pincel atômico, cola e madeira

AVALIAÇÃO

Acontecerá de maneira processual, ou seja, os alunos serão avaliados simultaneamente no decorrer de cada atividade. Levando em consideração os seguintes aspectos: participação, desenvolvimento individual e coletivo, assiduidade, responsabilidade e interesse.


BIBLIOGRAFIA

A importância do ato de ler – FREIRE, Paulo – Cortez / Autores associados – São Paulo: 1989.
Revista pedagógica Pátio, ano XII fevereiro/ abril 2008 numero 45. páginas: 23,24e25.
Praticas de Leitura e Escrita / Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça (Orgs). – Brasília: Ministério da Educação, 2006.
Parâmetros curriculares nacionais vol. 2 Língua portuguesa – Brasília: 1997.

ANÁLISE DA OBRA LUCÍOLA DE JOSÉ DE ALENCAR





Universidade do Estado do Pará - UEPA
Departamento de Ciências Sociais e Educação - DCSE
Planejamento Territorial Participativo – PTP
Curso de Letras 3º Módulo – Acará - PA




LITERATURA BRASILEIRA I








Edimilson Lobato da Silva
Raimundo Zaire Soares da Cruz
Sérgio de Sousa Lourinho






MARCAS DO ESTILO ROMÂNTICO PRESENTES NA OBRA LUCÍOLA DE JOSÉ DE ALENCAR





Publicado em 1862, a obra Lucíola de José de Alencar, é o quinto romance e o primeiro da trilogia que ele denominou de "perfis de mulheres" que inclui as seguintes obras: Lucíola, Diva e Senhora.
É um romance de amor bem ao estilo do Romantismo, muito embora uma ou outra manifestação do Realismo aí se faça presente. Trata-se de um romance de "1ª pessoa", ou seja, o narrador da história é uma personagem importante da mesma, Paulo Silva. E ele a narra em cartas dirigidas a uma senhora, G. M. (pseudônimo de Alencar), que as publica em livro com o título de Lucíola.
Segundo Afrânio Coutinho “O Romantismo aparece como um amplo movimento internacional, unificado pela prevalência de caracteres estilísticos comuns aos escritores do período. É, portanto, um estilo artístico – individual e de época. É um período estilístico, consoante a nova conceituação e terminologia, e perspectiva sintética, que tendem a vigorar doravante na historiografia literária”. (Introdução à Literatura Brasileira, p. 139).
Em conformidade com um trabalho de Hibbard e após analisarmos as obras Lucíola; Diva / José de Alencar; romance condensado por Celso Leopoldo Pagnan – São Paulo: Rideel, 1997 e Lucíola Texto Integral da editora Martin Claret – São Paulo, 2003, pode-se apontar as seguintes qualidades que caracterizam o espírito romântico: Sentimentalismo - Em Lucíola um mínimo contratempo é o suficiente para lançar Lúcia ou Paulo na mais profunda tristeza. Numerosas passagens do romance colocam o leitor diante de quadros profundamente sentimentais. Como esta:
“Foi terrível. Meu pai, minha mãe, meus manos, todos caíram doentes: só havia em pé minha tia e eu. Uma vizinha que viera acudir-nos, adoecera à noite e não amanheceu. Ninguém mais se animou a fazer-nos companhia. Estávamos na penúria; algum dinheiro que nos tinham emprestado mal chegara para a botica. O médico, que nos fazia a esmola de tratar, dera uma queda de cavalo e estava mal. Para cúmulo de desespero, minha tia uma manhã não se pôde erguer da cama; estava também com a febre. Fiquei só! Uma menina de 14 anos para tratar de seis doentes graves, e achar recursos onde os não havia. Não sei como não enlouqueci."( Lucíola /Diva pg.51).

E esta outra, onde Lúcia se fez passar por uma amiga morta para aliviar o sofrimento dos pais:
"Lúcia morreu tísica; quando veio o médico passar o atestado, troquei os nosso nomes., Meu pai leu no jornal o óbito de sua filha; e muitas vezes o encontrei junto dessa sepultura onde ele ia rezar por mim, e eu pela única amiga que tive neste mundo. Morri pois para o mundo e para minha família. Meus pais choravam sua filha morta; mas já não se envergonhavam de sua filha prostituída."(Lucíola Texto Integral pg. 123).

Enfim, o romance todo, do início ao fim, está impregnado de uma atmosfera sentimentalista. Outra característica encontrada em Lucíola é o Subjetivismo – Segundo Coutinho “[...] É o mundo visto através da personalidade do artista. O que releva é a atitude pessoal, o mundo interior, o estado de alma provocado pela realidade exterior [...]”. (Introdução à Literatura Brasileira, p. 145). Tudo, portanto, muito subjetivo. Já no capítulo I, Paulo esclarece que escreveu essas páginas para se justificar perante uma senhora que estranhou sua opinião em relação as pessoas da sociedade da época, como mostra a seguinte citação:
"a minha (dele) excessiva indulgência pelas criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu luxo e extravagância." Para isso, "escrevi as páginas que lhe envio, as quais a senhora dará um título e o destino que merecerem. É um "perfil de mulher" apenas esboçado." (Lucíola Texto Integral pg. 15).
Observa-se ainda na obra a presença do Egocentrismo e Exaltação do amor, onde a personagem de Lucíola é o centro de tudo, todos têm que satisfazer suas vontades, seus desejos como em:
- "Ah! esquecia que uma mulher como eu não se pertence; é uma coisa pública, um carro de praça que não pode recusar quem chega..." (Lucíola Texto Integral pg. 76).
Em Lucíola, a temática central está exatamente na exaltação do amor como força purificadora, capaz de transformar uma prostituta numa amante sincera e fiel.
" - o amor purifica e dá sempre um novo encanto ao prazer. Há' mulheres que amam toda a vida; e o seu coração, em vez de gastar-se e envelhecer, remoça como natureza quando volta a primavera." (Lucíola Texto Integral pg. 92).
Temos também o Ilogismo, onde não há lógica na atitude romântica, e a regra é a oscilação entre pólos opostos de alegria e melancolia, entusiasmo e tristeza, como podemos observar no seguinte trecho:
“As grandes sensações de dor ou de prazer pesam tanto sobre o homem, que o esmagam no primeiro momento e paralisam as forças vitais. É depois que passa esse entorpecimento das faculdades, que o espírito, insigne químico, decompõe a miríade de sensações, e vai sugando a gota de fel ou de essência que ainda estila dos favos apenas libados”. (Lucíola Texto Integral pg. 31).
Observamos ainda o Senso de Mistério, onde o espírito romântico é atraído pelo mistério da existência, que lhe aparece envolvida de sobrenatural e terror. Individualista e pessoal, o romântico encara o mundo com espanto permanente, pois tudo – a beleza, a melancolia, a própria vida – lhe aparecem sempre novos, e sempre despertando reações originais em cada qual, independente de convenções e tradições. (Introdução à Literatura Brasileira, p. 146). Isso é encontrado na seguinte passagem:
“Um dia Lúcia chegou-se a mim com certo ar de mistério e convidou-me a ir a São Domingos. Fomos. Não sei se ainda aí perto existe um velho casebre, escondido na mata e habitado por uma velha e dois filhos, que nos hospedaram” (Lucíola / Diva pg. 49).
Dentre as muitas características do Romantismo encontrada na obra Lucíola, enfatizamos a Fé, que em vez da razão, comanda o espírito romântico. Valoriza a faculdade mística e a intuição, como podemos observar em:
“O doutor Sá, levou-me a festa da Glória.
Era “Ave Maria” quando chegamos ao adro; perdida a esperança de romper a mole de gente que murava cada uma das portas da igreja”. (Lucíola / Diva pg. 07). Já nos trechos “O mundo soprando seu hálito frio na intimidade de nossa existência não tinha podido separar-nos. Porem o estame delicado de sua vida depreendeu-se do meu meio. A flor mimosa de sua alma talvez sentisse que a sombra das ramas ia faltar-lhe contra os sóis abrasadores, como a proteção do tronco contra os vendavais”. (Lucíola / Diva pg. 40) e “Sentamo-nos sobre a relva coberta de flores e à borda de um pequeno tanque natural, cujas águas límpidas espelhavam a doce serenidade do céu azul” (Lucíola / Diva pg. 49).
Nesta passagem observa-se o Culto da Natureza, esta, era fonte de inspiração, guia, proteção amiga do romântico. Podemos encontrar ainda entre as várias características românticas o Retorno ao Passado, onde o autor faz alusão ao seu passado, rebuscando lembranças que conturbam sua memória como enfatiza a citação abaixo:
“– A Senhora me faz saudades de minha terra. Lembrei-me de minha casa, e das tardes que passeava assim por aqueles sítios, com minha irmã” (Lucíola / Diva pg. 10).
Encontramos ainda a Linguagem Rica em Metáforas, recurso muito usado neste estilo, onde as características do romantismo parecem estar implícitas, ou ocultadas por palavras que fazem comparação a outras formas de expressão:
“O rosto cândido e diáfano, que tanto me impressionou, tinha agora uns toques ardentes e um fulgor estranho que o iluminava. Os lábios pareciam túmidos dos desejos que incubavam” (Lucíola / Diva pg. 14).
Empolgado por sua imaginação, o autor idealiza a mulher, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher torna-se meiga, sublime, de atitude singela e desejada, é a Idealização da Mulher:
“[...] mas se me voltava para aquela fisionomia doce e calma, perfumada com uns longes de melancolia, o sorriso meigo e a atitude singela e modesta; e meu pensamento impreguinante de desejos lascivos se depurava de repente” (Lucíola / Diva pg. 49).
Em Lucíola, o núcleo central da narrativa se concentra em Paulo e Lúcia, ora como duas individualidades com passado e presente próprios, ora como o "par romântico". E se concentra com tal intensidade, que os episódios envolvendo os demais personagens ficam ofuscados.
O romance termina com Lucia se recusando a abortar o filho que esperava de Paulo. Ela se recusa a tomar remédio para expelir o feto morto, dizendo “Sua mãe lhe servirá de tumulo”. E já no leito de morte, recebe o juramento de Paulo, prometendo-lhe cuidar de Ana como sua filha. E morre docemente nos braços de seu amado, indo amá-lo por toda a eternidade:
"Eu te amei desde o momento em que te vi! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade.”
(Lucíola / Diva pg. 58).



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lucíola; Diva / José de Alencar; romance condensado por Celso Leopoldo Pagnan – São Paulo: Rideel, 1997.
Lucíola Texto Integral da editora Martin Claret – São Paulo, 2003.
COUTINHO, Afrânio. Introdução a Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.





Trabalhos Acadêmicos

ANÁLISE DO LIVRO VIDAS SECAS DE GRACILIANO RAMOS
Edimilson Lobato da Silva
Raimundo Zaire Soares da Cruz
Sergio de Sousa Lourinho
Valdenilson Modesto Carneiro


RESUMO

Esta obra publicada em 1938 nos mostra uma família do sertão nordestino, pobre e que estão em busca de um local para viver. Fabiano que é o chefe da família, junto com sua esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra baleia estão de mudança, quando encontram uma casa que parece estar abandonada e decidem passar a noite naquele local. O que eles não esperavam é que o dono da casa aparecesse e é justamente o que acontece, o mesmo ameaça expulsá-los, Fabiano fazendo-se de desentendido, implora por trabalho e isso faz com que eles fiquem na fazenda. Passa-se um ano e Fabiano já é empregado da fazenda, no entanto não recebe seu salário dignamente, um dia indo à cidade fazer compras para Sinhá Vitória, Fabiano é convidado por um soldado para jogar baralho com outros apostadores, começou a apostar todo o seu salário, que não era muito, e quando percebeu que estava perdendo resolveu sair de mancinho sem se despedir, foi quando Fabiano acabou sendo abordado pelo soldado, momento em que inicia-se uma discussão entre os personagens. O soldado chama a policia e o retirante (Fabiano) acaba sendo preso acusado injustamente e também é agredido com um facão. A figura do soldado simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Enquanto isso, Sinhá Vitória está em casa com as crianças. Uma vez que o marido deseja um dia saber expressar-se bem, diante dos demais, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro, parecida com a de seu Tomás da bolandeira, senhor culto que é uma referência na cidade. Ela acaba relembrando a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca e a presença do marido que lhe dá segurança. A obra continua sendo construída em quadros com os seus capítulos independentes e que não se articulam formalmente entre si, tem um quadro para o menino mais novo, outro para o menino mais velho, outro para o inverno, a festa, a baleia, as contas, o soldado amarelo, o mundo coberto de penas e finalmente a fuga, que acontece quando a esposa junta-se ao marido e sonham juntos. O livro termina com uma mistura de sonhos, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada para o sul.

PALAVRAS CHAVES – Trabalho. Frustração. Sonho.

OBJETIVO:
Analisar o romance Vidas Secas, a presença e a predominância dos aparelhos ideológicos de estado e dos aparelhos repressivos de Estado, suas ideologias e também a manifestação de como acontece na obra o discurso e o interdiscurso.

REFERENCIAL TEORICO:

Na metáfora marxista do edifício social, percebemos que a infraestrutura (base econômica) determina a superestrutura (instâncias político-jurídicas e ideológicas). A grande vantagem teórica desta metáfora é o fato de fazer ver que as questões de determinação são capitais, mostra que é a base que determina todo o edifício e obriga a refletir acerca do tipo de eficácia derivada da superestrutura, sobre sua autonomia relativa e a ação de retorno da superestrutura sobre a base.
Nesta metáfora, ou seja, nesta relação de classes, encontramos ainda os Aparelhos Repressivos do Estado (ARE) e os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIEs). Estes Aparelhos não se confundem, pois o Repressivo funciona através do emprego da força “violência”, enquanto que a ideologia é utilizada para os demais como por exemplo: família, escola, judiciário, igreja, partidos políticos, sindicatos e outros. Faz uma distinção entre o poder do estado e o aparelho do estado, sendo o ultimo o corpo das instituições que constituem o Aparelho Repressivo do Estado e o corpo de instituições que representam o corpo dos Aparelhos Ideológicos de Estado.
Existe um único Aparelho (repressivo) de Estado, enquanto que existe uma pluralidade de Aparelhos Ideológicos de Estado.
Podemos concluir que é uma estratégia política que prega a luta a se travar fora do estado em sentido amplo, pois não considera a ideologia como algo determinado no processo de produção, preferindo vê-la como atribuição do Estado, com o objetivo de assegurar a determinação. Através do Estado, a classe dominante monta um aparelho de coerção e de repressão social, que lhe permite exercer o poder sobre toda a sociedade, fazendo submeter-se às regras políticas. O grande instrumento do Estado é o direito, isto é, o estabelecimento de leis que regulam as relações sociais em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado aparece como legal, ou seja, como “Estado de direito”. A dominação de uma classe é substituída pela idéia de interesse geral encarnado pelo Estado.

METODOLOGIA:
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA:
 Vidas Secas de Graciliano Ramos;
 Análise do discurso de Fernanda Mussalim;
 O primado da prática: uma quarta época para a análise do discurso de Nelson Barros da Costa;
 Interdiscursividade e Intertextualidade de José Luiz Fiorin.

ANÁLISE:
A base econômica do capitalismo tal como ele foi compreendido pelas teorias Marxistas. As relações de produção implicam divisão de trabalho entre aqueles que são donos do capital e aqueles que vendem a mão-de-obra. Esse modo de produção é a base econômica da sociedade capitalista.
Partindo desse pressuposto, nos reportamos à época em que vivem o Nordestino Fabiano e sua família, em uma verdadeira peregrinação, sofrida sem expectativas de mudanças, vivendo sob uma ideologia dominante, ora imposta pelo patrão da fazenda, ora pelo estado, na forma de seu representante legal o soldado amarelo.
Althusser levanta a necessidade de se considerar que a infra-estrutura determina a superestrutura, ou seja, que a base econômica é que determina o funcionamento das instâncias político-jurídicas e ideológicas de uma sociedade.
Fernanda Mussalim afirma que o que tradicionalmente se chama de Estado é um aparelho repressivo do Estado (ARE), que funciona movido “pela violência” e cuja ação é complementada por instituições – a escola, a religião, por exemplo, que funcionam “pela ideologia” e são denominadas aparelhos ideológicos de Estado (AIE).
Dentro desse contexto, ao lermos a obra Vidas Secas compartilhamos o sofrimento vivido por Fabiano, um homem rústico, aparentemente alcoólatra, viciado em jogo e que é brutalmente perturbado, seja por sua vida material, seja por seu psicológico, que o inflama e distorce todo o seu patamar de vida transformando-o, por vezes, em um feroz chegando às virtudes de um louco parecido com um animal.
Fabiano e sua família são levados a conviver com a ideologia repugnante, imposta a eles como um meio de vida, ou seja, sempre conviveram desta forma e por mais que busquem realizar seus sonhos nunca conseguirão, a humilhação imposta aos mesmos e o sofrimento pelos quais eles passam, pelo seu próprio contexto histórico e que atinge toda uma esfera regida pelo estado onde o mesmo não consegue suprir as necessidades básicas do povo que vive a mercê, jogados à própria sorte e debaixo somente da supremacia divina.
O sofrimento imposto, tanto pelos órgãos repressores do Estado, como pela ideologia exorbitante, condena desde o mais faminto ser humano até o mais obscuro dos sonhos a não ter acesso e respeito, aos mais puros sentimentos de alivio de seus fardos e ao mais nobre dos preceitos da humanidade: “o respeito à vida”.
Citando José Luis Fiorin, podemos notar o interdiscurso, ou seja, o discurso do personagem Fabiano, dentro do discurso do narrador o autor Graciliano Ramos.
Apesar de serem apenas monólogos ou impulsos e retruncos, Fabiano com toda sua falta de cultura não deixa de ser um enunciador, um produtor de algo, ou melhor, um propagador de sofrimentos, apesar de poucos relatos de sua fala ou de seus monólogos.
Bakhtin, aborda o dialogismo que é a forma particular de composição do discurso e também é o modo de funcionamento real da linguagem e portanto é seu principio constitutivo.
Os homens não tem acesso direto a realidade, pois nossa relação com ela é sempre mediada pela linguagem, isto significa que o nosso discurso não se relaciona diretamente com as coisas, mas com outros discursos, que semiotizam o mundo. Essa relação entre discurso é o dialogismo que é o modo de funcionamento real da linguagem. (FIORIN, p.167).
Assim voltando ao personagem Fabiano é perceptível, em alguns momentos, o autor ressaltar a fala do mesmo que apesar de sua desgraça, sua falta de sorte e sua repugnação, deixa escapar por vezes, seus sonhos em forma de expressões e de palavras, pois como vimos “não existe objeto que não seja cercado em volto, embebido em discurso, todo discurso dialoga com outros discursos, toda palavra é cercada de outras palavras”. (BAKHTIN, 1992, p. 319).
Em um terceiro momento, nos aportamos aos conhecimentos e aos estudos de Nelson Barros da Costa, onde mais uma vez nos remonta às idéias de Karl Marx (1987ª, 1987b, 1987, com Engels) e especialmente da leitura que delas fez o filósofo Louis Althusser (2001, 1979a, 1979b). Segundo essa concepção, os homens ao se agruparem para garantir a produção material da vida, os homens teriam criado formações sociais, estruturas fundadas na divisão do trabalho. Tal divisão teria sido baseada, inicialmente, nas aptidões físicas dos indivíduos e, posteriormente, na apropriação do excedente de produção por um grupo e pela conseqüente separação entre trabalho manual e intelectual. A sociedade assim dividida em classes precisou constituir meios que assegurassem a coesão social, o que daí por diante consistiria na reprodução dos mecanismos de exploração de classe.
Conforme Althusser (2001), o conjunto desses mecanismos seria articulado pelo estado, instância de poder constituída pela classe dominante com a missão de “assegurar (...) as condições políticas da reprodução das relações de produção que são em ultima análise relações de exploração” (p. 56).
Esses mecanismos teriam duas formas básicas de atuação: a repressão e a ideologia. (NELSON BARROS, 2005, p. 18).
Com esses conceitos, ainda podemos notar que as ideologias, juntamente com a repressão, ainda são preponderantes até os dias atuais, não deixando assim de encurralar e atropelar os sonhos daqueles que são menosprezados por uma sociedade cada vez menos igualitária e propagadora de direitos iguais para todos, crucificando principalmente, neste caso o povo nordestino, que é citado na obra de Graciliano Ramos, como é o caso de nosso personagem Fabiano e de sua família.

BIOGRAFIA
VIDA E OBRA DE GRACILIANO RAMOS
Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, Alagoas, em outubro de 1892. Onde viveu durante sua infância e parte da adolescência. O primeiro dos quinze filhos, Graciliano Ramos foi sempre visto pela família como um sujeito difícil, taciturno e introspectivo. Fez os estudos secundários em Maceió, sem, no entanto, cursar nenhuma faculdade. O pai vivia do comércio e o filho mais velho foi aventurar-se: esteve, por breve período, no Rio de Janeiro, onde, por volta de 1914, trabalhou como revisor e redator nos jornais Correio da Manhã e A Tarde. Volta ao Nordeste e passa a ser jornalista, fazendo política também. Foi prefeito de Palmeira dos Índios entre os anos de 1928 e 1930. É dessa época o seu primeiro romance (Caetés, 1933). De 1930 a 1936 vive em Maceió, dirigindo a Imprensa e a Instrução do Estado de Alagoas. De março de 1936 a janeiro de 1937, vive a época mais difícil de sua vida. Acusado de subversivo e comunista, passa dez meses de prisão em prisão sem saber do que o acusam, sem sequer ser ouvido em depoimentos ou processos.
Desse tempo terrível, nascerá mais tarde Memórias do Cárcere, um relato que soma a angústia de existir, o medo e a inquietação. Muda-se para o Rio de Janeiro. Seus romances, histórias para crianças e artigos passam a ser reconhecidos como o maior legado literário desde Machado de Assis. Em 1945, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e, em 1952, viaja para a Rússia e países comunistas; o que presenciou nessa peregrinação está contido num outro livro: Viagem (1954). Em 1953, morre no Rio, vítima de câncer. Suas obras já foram traduzidas para o russo, francês, inglês, alemão. E, em 1964, o romance Vidas Secas ganhou versão cinematográfica pelas mãos de Nélson Pereira dos Santos.

CONCLUSÃO:
Esta obra que é um grande clássico da literatura universal é classificada como um Romance, no entanto, alguns autores chegam a classificá-la como conto, outros como sendo uma novela, mas o que se pode dizer verdadeiramente é que vemos na obra um grande drama do retirante (Fabiano) e sua família, que a todo custo desejam fugir da seca e que vivem em extrema pobreza, os quais vivem um relacionamento seco e doloroso, a história conta com os seguintes participantes: Fabiano o chefe da família, Sinhá Vitória, sua mulher, o menino mais novo, o menino mais velho, a cadela Baleia e o papagaio completam o grupo de retirantes.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Record, 2000.
MUSSALIN, Fernanda. A Análise do Discurso. In MUSSALIN, F. BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística 2 – domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, J. L. Tendências da Análise do Discurso. In: Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas, UNICAMP – IEL, n. 19, Jul./dez., 1990.